
“Perdi a minha mãe e nada vai trazer ela de volta. Ela morreu por uma coisa pequena, estou revoltada. Minha mãe era para estar aqui comigo”. Esse é o relato de uma filha que entrou em desespero ao ver o quadro da sua mãe, Laudicéia Anastacia Pinto, se agravar ao aguardar por 23 dias uma vaga de UTI no Hospital de Cirurgia.
O caso de desassistência na Saúde Pública municipal foi denunciado no Jornal da Fan, da Rádio Fan FM, desta segunda-feira, 20. A filha da idosa, Ana Cléssia, contou que o drama começou quando ela procurou atendimento no Hospital José do Prado Franco Sobrinho, em Socorro, para tratar a doença da mãe, Cardiopata e portadora de Cardiodesfibrilador implantável.
“Moro no Assentamento Caraíbas, em Japaratuba. Estava no Zé Franco esperando vaga para ir para o Cirurgia. Essa vaga nunca chegou. Ela teve melhora e deram alta pra ela, ela veio para casa com a barriga inchada onde ficou 15 dias e passou mal. Ela foi encaminhada para o Fernando Franco”, conta.
Ao chegar na Unidade de Pronto Atendimento Fernando Franco, Ana Cléssia denuncia que os profissionais de saúde afirmavam que sua mãe não deveria estar ali. “Esperamos 23 dias e nada. O caso dela se agravou. Ela tinha muito líquido acumulado na barriga, no abdômen. Um médico disse ‘sua mãe não era para estar aqui, ela deveria ter ido para o Cirurgia’ disse a ele que não tinha vaga. O hospital de cirurgia negou uma vaga para minha mãe”, denuncia.
Ana Clessia complementa que: “todos os médicos sabiam que minha mãe não era para estar ali e não fizeram nada. Infelizmente a minha mãe não apareceu, a vaga só veio a noite quando procurei vocês da imprensa. Soube que o caso dela se agravou, e ao chegar no Cirurgia, minha mãe estava sem o aparelho de oxigênio. Porque tiraram o oxigênio?”
UPA Fernando Franco
Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde lamentou o óbito da paciente Laudicéia Anastacia Pinto e garantiu que foi prestada toda assistência e suporte à mesma que foi admitida no hospital Fernando Franco no dia 26 de novembro com quadro dispneia.
Ainda segundo a nota, no dia seguinte, 27 de novembro, foi feita solicitação de leito de enfermaria estadual. Diante do agravamento do quadro, na sexta, dia 17 de dezembro, a paciente foi encaminhada para o setor estabilização, passou por exames e avaliação médica, quando se constatou necessidade de transferência para leito de UTI. O documento solicitando transferência para leito de UTI foi enviado para regulação estadual às 10h13. No início da noite, às 18h12, a regulação estadual comunicou liberação da vaga. No entanto, a paciente apresentava quadro instável, impossibilitando a transferência, tendo evoluído para parada cardiorrespiratória e óbito.
Hospital de Cirurgia
O Portal Fan F1 entrou em contato com a assessoria de comunicação do Hospital de Cirurgia, e até o momento, não houve posicionamento.
Fonte: FanF1