Uma cerimônia singela, com entrega de um certificado, a título de comenda de reconhecimento por ato de bravura. Foi assim que o cabo da Polícia Militar, Patrício Canuto, lotado no Grupamento Tático Aéreo (GTA), foi homenageado pela Associação dos Falcões, por ter saltado do helicóptero para salvar a vida de um homem que se afogava no Rio Sergipe, no dia 23 de janeiro deste ano.
A homenagem, no entanto, é meramente simbólica e promovida por uma Associação independente da Polícia.
Homenagem promovida pela Associação dos Falcões ao cabo Canuto
Embora a cerimônia da Associação dos Falcões, formada pelos integrantes do GTA, tenha sido importante para o cabo Canuto, colegas de profissão entendem que ele poderia ter o trabalho reconhecido também pelo Comando da Polícia Militar, com uma promoção por ato de bravura, por exemplo. A solicitação foi feita à Polícia Militar de Sergipe, através da Associação, porém, o entendimento do Comando é que a discussão não era pertinente e descartou a promoção por ato de bravura, nesse momento.
A promoção por ato de bravura já foi concedida a outros policiais militares, em 2019 e 2020, por exemplo, conforme matérias publicadas no site da PMSE. Em um dos casos, um policial militar foi promovido por ato de bravura, após salvar uma vítima de afogamento na Prainha da Adutora, no município de Telha.
Apesar de envolver também um salvamento em circunstâncias desafiadoras, a promoção por ato de bravura não será concedida ao cabo Canuto, no momento, conforme resposta da Polícia Militar. A solicitação de promoção por ato de bravura, segundo a Associação dos Falcões, tinha apoio do coronel Fernando Góes, comandante do GTA, e dos outros membros do Grupamento, como o agente Virgílio Dantas, que preside a Associação.
“Quando ocorreu esse fato do salvamento, eu estava de serviço como copiloto da aeronave. No dia nós decolamos para fazer uma missão de patrulhamento, e a aeronave estava configurada para um patrulhamento aéreo. Era uma tarde chuvosa, nublada, não indicava que faríamos um resgate aquático. E depois de algum tempo sobrevoando, deparamos com essa situação no Rio de Sergipe (um homem se afogava). No momento que se desenrolava essa ocorrência, foi necessário lançar um tripulante na água, porque a vítima já estava, na nossa avaliação, sendo engolida pela correnteza”, narra Virgílio.
Segundo o presidente da Associação dos Falcões, nesse momento os dois tripulantes que estavam na aeronave do GTA se voluntariaram para saltar no rio e fazer o resgate da vítima. “Havia o subtenente Jocivaldo e o cabo Canuto. Houve autorização para o Canuto saltar. Esse salto foi feito, com gerenciamento de risco, porque não havia tempo para que a gente fosse reconfigurar a aeronave para um resgate aquático, já que a vítima já estava sendo levada pela correnteza. O cabo conseguiu fazer o resgate e entregar a vítima a equipe do Samu que estava na margem do rio. Por todas essas circunstâncias, nós, da Associação, entendemos que o Canuto merecia pelo menos uma análise da promoção por ato de bravura”, pontuou Virgílio.
Apesar da solicitação, a PM não procedeu o pedido. Em contato com nossa reportagem, a assessoria de imprensa da PMSE informou que “cada caso é um caso e tem a sua análise”. A PMSE não justificou para nossa equipe o motivo de não ter procedido com a promoção por ato de bravura e disse que, se a solicitação foi encaminhada pela Associação dos Falcões, ela foi respondida com as justificativas para a entidade.
Silas Aguiar / Descontrair.com
Fonte: FanF1